Os principais impactos da legalização do cânhamo

A cannabis precisa ser legalizada logo, caso contrário o Brasil só tem a perder e nós vamos te provar isso. Nesse artigo iremos explorar as propriedades e benefícios do cânhamo (espécie de cannabis) em 3 aspectos: o Ambiental, Econômico e Medicinal.

Contexto Histórico do Cânhamo

A cannabis pode ser chamada de diversas formas, entre elas cânhamo e maconha. Mas existe uma grande diferença entre essas duas: a quantidade de THC em sua composição. O THC é um composto presente na planta da cannabis, responsável por suas propriedades psicoativas.

O cânhamo é uma variedade de cannabis que normalmente apresenta menos de 0,3% de THC em sua composição. Ou seja, esse tipo de planta não causa nenhum tipo de alteração psicoativa, o famoso “barato”


O cultivo da cannabis vem sendo cada vez mais aceito e muitos países já aderiram à legalização por razões medicinais, econômicas, sociais e ambientais. Principalmente seu uso medicinal, que vem ganhando força após muitos anos de pesquisa e resultados positivos em tratamentos. Tanto é que em dezembro de 2020 a ONU reconheceu as propriedades medicinais da planta e removeu a cannabis da lista de entorpecentes muito perigosos, abrindo caminho para mais países aprovarem seu uso para fins terapêuticos, facilitando também o caminho para mais pesquisas relacionadas aos seus benefícios. 

Mas primeiramente, vamos entender por que o cânhamo foi proibido? 

A maioria das pessoas pode achar que é proibida simplesmente por ser uma droga e “fazer mal à saúde”. Mas a história vai muito além disso, afinal se esse fosse o caso, teríamos muitas outras substâncias e alimentos proibidos também. 

O cultivo da planta era incentivado pela Coroa Portuguesa no início da colonização. Muito antes de ser proibida ao redor do mundo, a cannabis era amplamente usada para produzir resina, combustível e papel. Como é uma planta de crescimento rápido, o cânhamo era responsável pela maioria do papel produzido no mundo por mais de 2 mil anos. Com a tecnologia de hoje, muitos outros fins já são explorados a partir de seu cultivo, como a produção de plástico, cremes dermatológicos e até alimentos com propriedades incríveis para a saúde. A lista de benefícios e aplicações aumenta a cada ano que passa.

Mas voltando à história…

Seu consumo como substância psicoativa passou a se disseminar entre escravos e índios. No final do século 19, seu uso passou a ser recomendado por médicos no tratamento de insônia, asma e bronquite. Hoje já sabemos também o poder que ela tem de auxiliar o tratamento de doenças como Mal de Parkinson, esclerose múltipla, epilepsia, ansiedade, depressão, entre outras.

E sabendo de todos os benefícios do cultivo, diversos países já nos provaram que a legalização funciona em diferentes aspectos, pois significa menos violência, menos gastos do governo e a abertura de uma nova fonte de taxação – super interessante para a economia. Agora, se isso é tão explícito e tão óbvio, por que não acontece? Por que continua sendo criminalizada e ilegal por grande parte dos países? Na verdade, os motivos misturam preconceito com minorias, racismo, interesses de indústrias e moralismos religiosos.

Legislação sobre o cânhamo no Brasil

Além dessas questões, que implicitamente colaboram para a proibição de seu cultivo, a legislação também é grande responsável pela proibição no Brasil e acaba sendo apoiada por grande parte da população que acredita ser prejudicial justamente por conta de preconceito e desinformação. Inclusive, o Brasil foi um dos países que votou contra a medida ONU de retirar a maconha da lista de drogas mais perigosas contrariando a recomendação da OMS. O governo brasileiro inclusive, chegou a dizer que a medida seria uma “estratégia comunista de poder”. Mas como mostra o mapa abaixo, a postura adotada pelo país na votação foi a mesma de países cujo governo é considerado mais autoritário como Rússia, Cuba e China.

Dentre os inúmeros benefícios que a legalização pode proporcionar para o país, alguns deles merecem grande destaque, são eles o ambiental, o econômico e o medicinal.

Impacto Ambiental

O vasto potencial do cânhamo na busca de um desenvolvimento cada vez mais sustentável. É uma fonte de matéria prima para muitas indústrias. Três fatores principais contribuem para sua popularidade nesse aspecto: facilidade e rapidez em seu crescimento, revitalização do solo e conversão de CO2 em biomassa. 

Em terras férteis, que é o caso do Brasil, o período de desenvolvimento do cânhamo da semeadura à colheita é de três a quatro meses. Com terra e clima propícios, a matéria-prima prima brasileira teria o menor custo internacional, competindo com a colombiana. 

De acordo com Dilsher Singh Dhaliwal, fundador da maior empresa de cultivo de cânhamo na índia, a safra requer relativamente poucos insumos: apenas fertilizantes orgânicos na semeadura, sem uso de agrotóxicos. 

Além do fácil crescimento, beneficia ativamente o meio ambiente 

A plantação de cânhamo tem a capacidade de ajudar a recuperar terras contaminadas e degradadas por meio de um processo chamado fitorremediação. Pesquisas também apontam a redução de erosão de solo e aumento de rendimento de outras plantas quando cultivadas em rotação. 

Revitalização do solo é uma das propostas da Kanna. E as áreas escolhidas para serem impactadas por ela não se favorecerão apenas da revitalização, mas sim de um conjunto de benefícios que incentivam o desenvolvimento econômico e ambiental de forma sustentável.

Tecidos feitos a partir do cânhamo também são mais duráveis e sustentáveis do que tecidos feitos de algodão, que precisam de muito mais água.

Papel feito de cânhamo é de melhor qualidade e requer um quarto de terra para produzir a mesma quantidade de celulose. Isso significa que é possível obter em menor tempo mais quantidade de papel por hectare, podendo ajudar a combater o desmatamento, além do fato de poder ser reciclado várias vezes. 

O cânhamo também está se tornando um substituto popular do plástico e é atualmente usado em Legos e peças de automóveis, por exemplo. Já sabemos que o plástico é uma das fontes mais destrutivas de poluição a nível mundial, sem exagero. O bioplástico, feito a partir do cânhamo, é uma alternativa 100% biodegradável e seu processo de fabricação não causa danos ao meio ambiente, ao contrário dos combustíveis fósseis usados pela maioria dos produtos de plástico produzidos atualmente. 

E ainda vem ganhando espaço

Seu uso vem ganhando espaço até na construção civil como uma alternativa ao cimento tradicional, que por sua vez possui uma mineração de areia ecologicamente devastadora. Conhecido como “hempcrete”, o material feito a partir do cânhamo é leve e ao mesmo tempo resistente, oferecendo excelente regulação térmica e controle de umidade.

Para veículos regulares, pode se tornar um biocombustível eficiente. Ao contrário da gasolina, o biocombustível é obtido a partir de organismos vivos e são normalmente misturados com combustível normal para criar um produto menos nocivo para o meio ambiente. 

Um hectare de cânhamo industrial pode absorver 63 toneladas de CO2, o que o torna um dos melhores métodos de conversão de CO2 em biomassa.


Como se não bastasse, por crescer rapidamente, um hectare de cânhamo industrial pode absorver 63 toneladas de CO2, o que o torna um dos melhores métodos de conversão de CO2 em biomassa. E é excelente para conter erosões e limpar o solo, retirando resíduos poluentes e até radioativos, sem que isso impacte em nada o seu desenvolvimento.

Potencial do Cânhamo no Brasil

De acordo com um estudo realizado pela empresa Kaya Mind, baseado no território cultivado e cultivável do país, foi feita uma projeção do potencial produtivo do cânhamo, de acordo com uma comparação feita com nações onde já existe a regulamentação. 

Em resumo, o cânhamo é considerado pela indústria um material consciente, que possui propriedades anti-inflamáveis, biodegradáveis e regenerativas. 

Medicina de Ponta

O uso da cannabis medicinal como tratamento alternativo já vem sendo estudado há décadas e é considerado um dos temas mais polêmicos da medicina. A luta pela liberação de seu uso enfrenta grande resistência tanto por parte de médicos quanto da sociedade como um todo, mesmo com evidências científicas que comprovam seus benefícios para o tratamento de diversas doenças, além do fato de ser um tipo de tratamento seguro.

THC E CBD 

A cannabis é uma planta com mais de 500 compostos químicos e mais de 100 canabinóides identificados. Dentre eles estão os mais comuns e estudados: o THC e o CBD

Assim como o THC, o CBD é um composto presente na planta. Só que diferente do THC, o CBD não possui propriedades psicoativas. Pelo contrário, é um produto amplamente utilizado em medicamentos e até alimentos com vários benefícios para a saúde e poucos efeitos colaterais. Apesar do CDB ser mais conhecido para o uso medicinal, o THC também tem o seu papel na saúde e pode auxiliar no tratamento de doenças como Mal de Parkinson, esclerose múltipla, epilepsia, ansiedade e depressão.

Além disso, os efeitos colaterais dos psicotrópicos típicos do THC podem ser melhorados combinando-o com uma dose de CBD. Por conta disso tem uma ampla janela terapêutica, incluindo dor crônica e neuropática, náusea e vômito, perda de apetite, inflamação crônica, entre outros.

Não resta dúvida que o CBD pode ser um poderoso aliado na saúde de muitas pessoas. Existem estudos em andamento sobre como o CBD pode ser usado no tratamento de câncer e efeitos pós-tratamento. 

Indústria do CBD

De qualquer forma, a indústria de CBD também já está ganhando espaço no mercado, se tornando um negócio global. Seus potenciais efeitos anti-inflamatórios e terapêuticos ajudam muitas pessoas que sofrem de doenças crônicas. De acordo com evidências preliminares, a cannabis pode ser um fator decisivo no tratamento de doenças potencialmente fatais e na atenuação dos efeitos colaterais de tratamentos médicos. 

Esse aumento de evidências clínicas, relatos positivos de pacientes e a (ainda muito baixa) cobertura da mídia estão contribuindo para o desestigma da cannabis, mas ainda é um longo caminho a se percorrer pois as leis do Brasil continuam retrógradas mesmo com o crescente aumento na autorização e importação do produto.

Além das propriedades psicoativas, outra diferença do CBD e do THC é o seu status legal no Brasil. Apenas o CBD é reconhecido como medicamento, embora países como Uruguai, Canadá, Estados Unidos e Portugal já usam a cannabis completa como tratamento médico. Lembrando que mesmo sendo legal, o uso do canabidiol só pode ser feito por pessoas que comprovem a sua necessidade. 

Regulamentação no Brasil

Vale lembrar que no Brasil não é permitido o cultivo e o uso da substância como forma de tratamento exige a importação tanto dos insumos para a produção quanto de medicamentos. Resultando no aumento dos preços e monopólio de empresas e indústrias, dificultando novamente o acesso da população. Mas existe uma alternativa, e é por isso que os habeas corpus preventivos para cultivo caseiro vem crescendo consideravelmente ao longo dos anos.

Apesar dos inúmeros benefícios comprovados e dos estudos e pesquisas em andamento, ainda há muito para ser descoberto. Sabemos que é um composto promissor e que os países que recusam a pesquisa e o teste estão perdendo uma grande oportunidade. Mas a luta tem que continuar, e é por isso que existem diversas associações que defendem o acesso dos pacientes ao tratamento, fomentando principalmente a informação e pesquisa sobre o assunto. Porque no final, quem paga o preço são os pacientes que não tem acesso ao medicamento.

A produção de CBD para tornar o produto acessível para os pacientes que precisam dele para seu tratamento é uma das propostas da Kanna, além é claro de promover a cultura de uma economia circular ao invés de linear.

Economia circular proposta pelo cânhamo

Economia circular proposta pelo cânhamo

Potencial Econômico do cânhamo

As possibilidades do uso da cannabis são gigantescas. Além do desenvolvimento de uma economia mais sustentável e do uso do CBD e até THC como aliados no tratamento de doenças, o cânhamo abre um leque de utilização industrial. No total, são mais de 25 mil possibilidades de aplicações, o que significa um mercado novo e cheio de oportunidades econômicas para o país. Na construção civil, por exemplo, suas fibras podem ser usadas junto com calcário em pó e água para criar um concreto alternativo. 

Aplicações do cânhamo

Demanda global crescente 

A maconha é a droga ilícita mais consumida do mundo. Nos últimos anos, experiências de legalização têm sido feitas com resultados promissores em lugares como o Uruguai e os estados americanos do Colorado e Washington. 

Um estudo da New Frontier Data, em parceria com a The Green Hub – rede especializada em inovação e tecnologia inteiramente voltada ao setor de cannabis – aponta que, apenas nos Estados Unidos, as vendas totais de cânhamo para a indústria movimentaram US$1,1 bilhão em 2018 e a estimativa é de chegar a US$2,61 bilhões até 2022. 

Por conta da atual pandemia global, o mundo inteiro sofre consequências econômicas. Tendo em vista esse cenário, muitos estados, países e até mesmo municípios estão recorrendo à cannabis legal e medicinal para compensar alguns desses problemas. A legalização da cannabis pode ajudar a alimentar esse mercado bilionário, refletindo na economia do mundo todo

A América latina, por exemplo, vem sofrendo grandes consequências. Legisladores da Colômbia, México e Paraguai pedem que seus países apostem na legalização da cannabis. Esse mercado pode proporcionar empregos adicionais e crescimento econômico, bem como exportações, podendo melhorar o bem estar e a qualidade de vida de suas populações. 

Impactos da regulamentação do cânhamo no Brasil

Um estudo da Câmara dos Deputados em abril de 2016, fez um documento sobre o impacto econômico da possível legalização da cannabis no Brasil, apontando que o impacto financeiro seria relevante. A arrecadação de impostos poderia financiar a saúde e a educação, como no estado de Colorado (EUA), beneficiar o avanço dos estudos na medicina e no tratamento de doenças que fazem o uso da planta. 

Segundo o estudo, é possível estimar a arrecadação tributária obtida com a legalização do consumo. Com uma política de impostos bem implementada, a Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados aponta uma arrecadação que varia entre R$5 e R$6 bilhões por ano. Além de uma economia de até R$1 bilhão em gastos relacionados à contenção do tráfico de drogas. 

No cenário nacional, a receita de cannabis – apenas medicinal – possui um potencial de atingir R$4,7 bilhões nos primeiros três anos de venda legal. Economistas apontam que o país poderia faturar entre R$10,7 a R$12,9 bilhões.

Ao contrário de dezenas de outras indústrias, o setor de cannabis experimentou um crescimento significativo em 2020, ignorando a crise global e batendo recorde. Depois de anos de incerteza dos investidores, os analistas estão prevendo um mercado com continuidade de alta em 2021. 

A questão é que o mundo está cada vez mais reconhecendo as possibilidades do cânhamo. A China, por exemplo, como uma das maiores potências do mundo já se tornou a maior produtora e exportadora de cânhamo mesmo com alguns produtos sendo ilegais em seu mercado interno. 

Rentabilidade muito acima da média

Uma prova da potencial valorização desse mercado é a rentabilidade de seu setor de investimentos. De acordo com um artigo da BPMoney, investir em cannabis pode ser tão rentável quanto investir em bitcoin

“O Bitcoin vem sendo considerado um dos investimentos mais rentáveis da década. A moeda que hoje é negociada na B3 já foi criminalizada e associada a diversas atividades ilegais, apesar disso, a criptomoeda nos últimos 4 anos saiu da faixa de R$ 1.700 para mais R$ 330 mil, alta de 19.411%. 

Um outro investimento que também já foi muito criminalizado, e ainda é em grande parte do globo, é a cannabis. Ela elevou seu patamar de droga ilícita para uma indústria séria e promissora, que segundo o Cointelegraph, promete ser tão rentável quanto o Bitcoin.

Com a sequência de mudanças na legislação, as empresas que atuam no setor de investimentos em cannabis viram ela chegar a valorizar mais de 161.900%.


A Kanna e o Cânhamo

Com o objetivo de juntar dois dos investimentos mais rentáveis dos últimos tempos – criptoativos e cannabis – lastreando o seu valor diretamente em impacto sócio-ambiental através de blockchain, a proposta da Kanna é de unir rentabilidade com sustentabilidade.

A popularidade da legalização cresce após a implementação. Segundo o YouGov, um grupo internacional de dados e análises de pesquisa com sede em Londres, a grande maioria da população dos estados legais consideram a mudança um enorme sucesso. Curiosamente, essa percepção está correlacionada com a passagem do tempo e a eficiência do sistema. Portugal, que descriminalizou todas as drogas há 15 anos, é hoje o país com as menores taxas de consumo entre jovens da Europa. 

Contudo, interessa ressaltar que, apesar de ter qualidades medicinais, o uso recreativo da maconha não é curativo ou isento de riscos. O que podemos ver a partir desses exemplos é que a princípio, pode não parecer uma boa idéia para a grande maioria das pessoas que ainda não enxergou todo o contexto. Mas é tudo uma questão de tempo, de educação e principalmente de disseminação de informação para colher esses benefícios. Bora apoiar o projeto? 

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